segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A transmigração de Venda Nova do Imigrante para São Pedro de Marilândia

À partir da década de 1920, muitos integrantes da família Camatta se estabeleceram, oriundos de Venda Nova do Imigrante/ES, na comunidade de São Pedro no munícipio de Marilândia/ES. Destaco que, nessa época, nem Venda Nova do Imigrante e nem Marilândia eram emancipados, pois pertenciam aos municípios de Cachoeiro de Itapemerim e de Colatina, respectivamente. Contando esse pedaço da história, o trecho à seguir foi retirado de um livro sobre Venda Nova do Imigrante de autoria de Máximo Zandonadi:

"A busca de novas terras, no decorrer da década de 1920, está ligada aos bons resultados financeiros da produção de café em Venda Nova e ao espírito expansionista dos imigrantes.
As primeiras famílias foram aumentando progressivamente com os casamentos dos filhos. Cresceu a população de Venda Nova. Necessário era aproveitar a soma das economias e fazer novos investimentos e, aí, nada melhor do que alargar seus domínios no setor agrário.
O sul do Estado já estava praticamente colonizado. O Governo do Estado estava interessado na colonização do norte, ainda pouco habitado, e que somente uma faixa litorânea havia sido explorada.
A vasta região de terras férteis ao norte do Rio Doce estava à espera de colonizadores. O governo do Estado demarcou a região e confiou a venda a uma comissão de corretores, entre os quais Malacarne, Ceolim e Altoé.
O maior obstáculo para a colonização era a grande incidência de malária. Muitas vidas foram ceifadas no início, o que, porém, não impediu a conquista daquelas terras.
A porta de entrada para o reconhecimento da área era Colatina, à margem direita do rio Doce. Atravassava-se o rio em canoa. Daquele ponto, à margem esquerda, é que partiras aas primeiras incursões dos interessados na compra de terras.
Cabe aqui ressaltar que as primeiras famílias a visitar a região e a realizar as primeiras compras saíram de Venda Nova. Havia à margem do rio Doce choças cujos moradores viviam de caça e pesca.
Nos anos de 1923 e 1924 começou a penetração rumo ao norte e, em 1930, já não havia mais terras devolutas naquela vasta região. Efetuadas as compras, muitas famílias se deslocaram para lá em 1927.
Em 1923 um grupo de chefes de família saiu de Venda Nova do Imigrante, a convite de Malacarne, para fazerem o reconhecimento daquelas terras. Entre eles estavam Angelo Caliman, Francisco Falqueto, Antônio, Guerino e João Camata, Liberal e Miguel Zandonadi, Jocondo Caliman e Batista Pagoto.
A margem oposta do rio Doce não lhes interessou, devido à maior incidência de malária. Embrenharam-se mata a dentro, abrindo picadas, mochila às costas, levando víveres para permanecerem vários dias na floresta.

Após várias jornadas pesquisando a área, fizeram parada onde é hoje São Pedro de Marilândia. Construíram um abrigo coberto de folhas de palmito e passaram semanas no local.
No final desse tempo, toda a área do atual distrito tinha sido retalhada, demarcada e escriturada em nome deles. Desse grupo, somente Miguel e Liberal Zandonadi desistiram posteriormente. A área por eles escolhida tinha sido, por engano, escriturada e registrada em nome de Jocondo Caliman.

O retorno ao lar, após a ausência de meses, era motivo de alegria fraternal para toda a comunidade de Venda Nova.

As peripécias das caminhadas, a luta contra a natureza tão adversa, a passagem do Rio Doce, o perigo dos animais ferozes que rondavam a palhoça, a fome que apertava às vezes, o receio do encontro com os índios, tudo isto dava assunto para os comentários sem fim nas reuniões familiares ou nos encontros dominicais na praça da capela.

A ocupação dessas novas propriedades pelos primeiros desbravadores - Caliman, Camata, Falqueto e Lourenção - foi de fato um ato de maior bravura que aquele de seus pais quando se instalaram em Venda Nova, 30 ou 40 anos antes. Neste caso, a penetração se fazia de município para município e havia estradas que permitiam a mudança em lombo de burros. As mudanças para as propriedades do norte seguiam em tropa até Colatina, atravessando o rio Doce em canoas e fazendo-se o resto percurso até Marilândia em picadas recém-abertas no meio da mata virgem."


Bibliografia:
ZANDONADI, Máximo, VENDA NOVA DO IMIGRANTE, Arte, Composição e Impressão, Contagem, 1992.

2 comentários:

André Camatta disse...

No vídeo, eu não concordo com a parte do "progresso".

Unknown disse...

oi tio!